“Rais Parta” o trabalho – e a nossa relação
A minha relação com o meu trabalho é desequilibrada. Ele gosta muito mais de mim do que eu dele.
Tanta gente que se farta a trabalhar, e que até gosta do que faz, que vive para o trabalho, e até há os workaholics, e os que fazem tudo e de tudo para serem promovidos, e não arranjam trabalhinho.
E eu, que venho trabalhar com o sentimento de “bora lá despachar isto”! Bora, bora despachar isto. Com vontades como; já dá para ir tomar um café? Hora de almoço? São 17h?, Oh yeah (dança da vitória), são 17h.
Porque o que eu gosto mesmo é de viajar, passear, ir ter com os amigos à esplanada, ao cinema, ver um filme no sofá, ir ao ginásio, ler um livro, cozinhar, beber um copo de vinho e conversar, até ver telenovela sei lá.
Mas não, não me consigo livrar do trabalho, aparece sempre alguém a querer-me, é só mais isto, é só mais aquilo. Gente. Deixem-me que eu não gosto disto!
Assim até me sinto mal, sinto que estou nesta relação só por interesse, sou eu a tentar livrar-me do trabalho e é ele sempre atrás de mim. Todo simpático. A querer prolongar um pouco mais o momento.
E de manhã? Quando chego e só me dá vontade de gritar AAAAAAIIIIIIIIIIIIIIIIII! Mas não posso, então altero as letras e em vez disso grito um bom DIIIIIIIIIIAAAAAAAA! Assim, para desanuviar.
E eles: lá vens tu trabalhar sempre tão bem-disposta e simpática.
E agora!
Quem é que se lembrou de me promover? Mais trabalho para despachar? Não haveria aí ninguém que quisesse ser promovida? Tinha de ser logo eu!
Mais uma vez, comparando isto a uma relação, é tipo como se tivesse sido pedida em casamento, e agora tenho de aceitar, que fazer. Interesseira é o que eu sou!
O meu trabalho é daquele tipo: “quanto mais me bates mais eu gosto de ti”! Só pode!
@didoit