Um brinde às Amigas!
(…) e ela continuava a chorar, a soluçar por falta de conseguir controlar a respiração, a lamentar-se de tristeza. Eu, calada, continuava sentada ao seu lado, no sofá, continuava a ouvi-la sem muito que lhe conseguir dizer. Mas estava a ouvi-la com muita atenção, a partilhar do seu sofrimento.
Até que ela parou por um segundo, olhou calada a sua mão esquerda, e com os dedos da mão direita acariciou a aliança.
- Tantos anos. E termina tudo assim? Sabes o que vou fazer a isto?
Levanta-se - fogaz, decidida e enraivecida – ao mesmo tempo que arranca a aliança do dedo.
- O quê? – Corro atrás dela.
Quando a alcancei já a tampa da sanita estava aberta. Virei-a para mim com força, agarrei-lhe a mão e arranquei-lhe a aliança. Olhamo-nos nos olhos, ela com olhar de admiração, eu com olhar incisivo, ambas com a respiração ofegante.
Levantei a mão onde tinha a aliança e disse-lhe:
- Isto é ouro.
-ÃH!?
- Isto é ouro – repeti num tom ligeiramente mais alto.
- Vou vende-la.
-ÃH!?
- Vou vende-la – repeti num tom ligeiramente mais alto.
- Pegamos no dinheiro e vamos jantar fora, beber um bom vinho e pensar no teu recomeço. Quando estiveres melhor, claro. E meti a aliança ao bolso.
- Vá, anda. Agora vamos para o sofá, continuas a chorar e eu continuo calada a ouvir-te, mas deixas-te de atitudes parvas.
Di Art Blogger