Amor de adolescentes de outros tempos. ( Conto )
Que saudades que ela lhe tinha.
Estavam tão guardadas - as recordações - tão bem lá no fundo das suas memórias mais escondidas, numa daquelas gavetas que nunca abre - talvez as tenha guardado tão bem por forma a não as perder, talvez a tenho trancado a sete chaves - que já nem se lembrava delas.
Mas hoje sonhou com ele e acordou com um sorriso nos lábios e o coração leve que nem uma pena. Sonhou com o rapaz daqueles tempos do seu passado tão distante, e que saudades lhe deram. Foi um sonho, mas um sonho que já viveu de verdade, e voltou a sentir aquele Amor tão doce, tão puro e inocente. Tão feliz. O seu primeiro amor.
Que saudades que teve.
Foram os seus primeiros sentimentos de Amor por um desconhecido, atração e bem-querer, foi ele quem lhe despertou o interesse por um «homem» pela primeira vez, quem lhe fez o coração sorrir, e nessa altura os lábios também, pois de esconder sentimentos nada percebia. Era nele que pensava quando as baladas da época tocavam na rádio, lá no seu quarto.
Gostou dele durante os dois anos que lá andaram juntos, na Escola Preparatória, nunca se falaram, olhavam-se.
Ele gostava de jogar vólei, ela, sentava-se nas bancadas do campo de jogos com as amigas, a deitar conversa fora – a desperdiçar tempo como se tempo nada valesse - ele olhava-a, sabia-a lá, e ela a ele – e esses pequeníssimos momentos ficavam suspensos, tudo ao redor diminuía, esse era o tempo deles, segundos que lhes bastavam.
A certa altura já sabiam o horário um do outro, ele passava com os amigos - em forma de passeio - pela janela da sala de EVT, ela, logo trocou de secretaria para perto da janela. E mais uma vez, todas as vezes, sabia-o lá.
Sentimentos apenas, sem pressas, na paz e na calma, mantiveram aquela relação só deles, secretos olhares, secretas declarações.
No ano seguinte, ele simplesmente já lá não estava e apenas ela lhe sentiu a falta.
A Maria não se lembra do último dia que o viu. Ficou um vazio, uma falta esquisita de tudo, que não era nada. Ele, tinha terminado o 12º Ano, ela sabia, mas por vezes, muitas vezes, ela procurava-o, sentia saudades de o ver, de o sentir por ali, de estar de olho nele e de senti-lo de olho nela.
Suspensos no passado sentimentos de tamanha felicidade.
“Nunca te falei mas se te pudesse falar hoje, dir-te-ia que foste o meu primeiro Amor e que me fizeste tão bem, não deves imaginar o quanto. Será que te lembars de mim ainda?".
“E se um dia os nossos olhares se cruzarem novamente?"